domingo, 17 de janeiro de 2016

Amazónia pulmão do Mundo



Muitas vezes já ouvimos falar que a Amazónia é o pulmão do mundo, passando a ideia de que esta floresta teria um importante papel no fornecimento de oxigénio ao planeta.

Neste sentido, o simples fato de atribuir à Amazónia o termo “pulmão do mundo” já pode ser considerado um equívoco, pois um pulmão apenas consome, e não produz oxigénio. Além disso, em uma floresta tropical como a Amazónia, o saldo entre o que ela produz de oxigénio e o que consome é praticamente neutro.

Durante o dia, a vegetação da floresta libera oxigénio e absorve gás carbónico através da fotossíntese, processo que se inverte durante a noite, quando ocorre a respiração florestal, com a absorção de oxigénio e a libertação de gás carbónico. Porém, essa conta (se haverá mais produção do que absorção de CO2 ou O2) nem sempre é perfeita e o resultado está associado a outros processos, como as queimadas e o reflorestamento ou expansão da área florestada.

Em outras partes do mundo, existem organismos que têm saldo final positivo de produção de oxigénio, como nas regiões oceânicas ricas em plânctons, Mesmo assim, há bilhões de anos a concentração deste gás em nossa atmosfera se mantém em equilíbrio, em torno de 20% do total.

Podemos afirmar que a Amazónia, assim como as outras florestas do mundo, não desempenham a função de reguladores dos níveis de oxigénio. Sua importância, para nós, está associada a prestação de outros serviços, que influenciam directamente no clima do planeta e em nossas vidas. Um exemplo disso é a regulação das chuvas.

Para se ter uma ideia, a Amazónia, maior floresta tropical do planeta, estoca sozinha cerca de 20% de toda a água doce disponível do mundo e grande parte dessa água, quando evaporada, forma nuvens que migram para toda a América do Sul, definindo o regime de precipitações não só nessa região, mas também em outros continentes.
Para o Brasil, esta função exercida pela floresta é extremamente importante, pois a maioria da energia gerada em nosso país vem de hidroeléctricas, cujos reservatórios são abastecidos, em grande parte, pela água destas chuvas. A regularidade e abundância destas precipitações também são responsáveis por proporcionar ao nosso país uma excelente condição climática, que faz do Brasil um dos principais produtores de alimentos do mundo. No Estado de SP, por exemplo, cerca de 70% das precipitações nos períodos mais chuvosos provêm directamente da Amazónia.

Além disso, a atmosfera amazónica serve como um filtro de poluentes, removendo do ar oxidantes como o ozónio e óxidos de nitrogénio através de mecanismos químico-físicos regulatórios.

A formação vegetal desta floresta também funciona como um grande estoque de carbono, principal gás causador do aquecimento global. Estima-se que a Amazónia abrigue cerca de 80 bi de ton. de carbono, equivalente a uma década de emissões desses gases pela humanidade nos padrões atuais.

Infelizmente, apesar de sua importância, hoje, mais de 17% da Amazónia (aproximadamente 720 mil quilómetros quadrados) já foram desmatados, uma área 16 vezes maior que o estado do Rio de Janeiro.  Zerar o desmatamento desta floresta, além de garantir sua sobrevivência, é uma das maiores contribuições que o Brasil pode dar à estabilidade do clima no planeta.

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